De alguns anos para cá, a sustentabilidade deixou de ser um conceito restrito ao mundo acadêmico. Sua aplicabilidade, frente a urgência das necessidades contemporâneas, fez com que a prática se disseminasse e, melhor, virasse pauta obrigatória para qualquer empresa que vise a sobrevivência no competitivo mundo capitalista.
Uma pesquisa desenvolvida pela TNS Brasil sobre consumo e sustentabilidade, ouviu 1,57 mil pessoas em todo o Brasil e apontou que 92% dos consumidores já ouviram falar no conceito, sendo que 14% deles sempre procuram comprar produtos identificados como ecologicamente corretos e 62% consomem este tipo de produto esporadicamente. Ainda conforme a pesquisa, 69% dos entrevistados estariam dispostos a pagar mais por um produto sustentável. Este movimento de mercado é embalado pela conscientização cada vez maior dos consumidores, que estão prestando mais atenção ao tema.
Walter Rodrigues, estilista e coordenador do Fórum de Inspirações da Assintecal, é enfático quanto ao futuro do conceito na moda: “em breve a sustentabilidade não será mais um diferencial, será uma condição obrigatória”. E aponta que o interesse na sustentabilidade tem modificado o olhar do consumidor sobre os produtos. E isso não significa um produto esteticamente feio, mas com um design diferenciado e que não leva em conta somente o resultado final, mas todo o processo de criação.
“Hoje é fácil o fabricante escolher seus insumos de fornecedores que tenham preocupação ambiental. Mas, se por um lado a moda está evoluindo na criação aliada ao ecologicamente correto, é preciso que se informe isso ao consumidor final”, avalia o estilista, ressaltando que todo o produto dito sustentável deveria vir com uma tag contando a história e o processo de fabricação que o levaram ao patamar de ecologicamente correto.
O diretor de Pós-Graduação e Extensão da ESPM, Genaro Galli, ressalta que a moda tem evoluído em sinergia com o conceito e que, atualmente, o maior desafio é conseguir um preço competitivo para esses produtos. O especialista acrescenta, porém, que o conceito de sustentabilidade é muito amplo para se ver somente na prateleira.
Para ele, a sustentabilidade de um produto tem que vir desde a sua concepção, desde a logística até a forma como é produzido, a questão social, etc... “Não adianta fazer um produto com fibras de bambu e utilizar mão-de-obra escrava para a sua produção”, afirma Galli.
Fonte: FashionMag