Quem acompanha as passarelas nacionais e internacionais nos últimos tempos já deve ter tido a sensação de déjà vu. A cartela de cores é super democrática (dos neutros e nudes até os gritantes fluo) e as modelagens não variam muito.
Isso nos leva ao objetivo desse post: como captar o que está mais em alta para essa recém começada temporada usando o que já tem no guarda-roupa. Sim, sustentabilidade está completamente associada a consumo consciente. Reciclar looks também é uma maneira de contribuir para uma indústria da moda mais equilibrada (e não comprometer seu bolso pelas próximas estações).
1. Clima: “Hoje não temos mais coleções de inverno e verão distintas. As pessoas já criam algo mais unificado", explicou Erika Palomino (no programa Tamanho Único, do GNT, que comentei aqui). O clima já é um fator super relevante na hora de escolher o que vestir. Na primavera, é comum nos grandes centros urbanos uma variação térmica grande – e resulta naquele ‘look cebola’, com várias camadas que podem ser retiradas ou sobrepostas. Vale misturar peças mais leves por baixo (tecidos mais finos) com casacos outonais. Com uma camiseta ou camisa bacana, vale desde um trech coat até um cardigã. Vestidos são curingas nessa fase de transição. Adorei essa 'prova' da Patricia Koslinski, do Provadoras S.A.
2. Tempo: a inspiração temporal pode visitar o século XX de ponta-a-ponta – da década de 20 a 90, vale tudo! Se apostou numa proposta mais vintage, pode mesclar com algum acessório mais contemporâneo para não ficar com cara de manequim de brechó. O exagero de acessórios apareceu muito nos desfiles – e está presente no figurino das celebridades e nas novelas. Porém doses moderadas sempre ficam elegantes. Cuidado com bijuterias e peças mais delicadas: o sol forte e até mesmo o suor podem danificar mais rapidamente as peças com as temperaturas altas.
3. Estampas e tingimentos: amou a invasão de animal print e investiu nas liquidações? Os padrões de bichinhos continuam fortes nesse verão. Dividem espaço com os étnicos (também remanescentes), geométricos - principalmente o pois (bolinhas) - efeitos ópticos e gráficos (agora mais elaborados, menos definidos). A novidade fica por conta do retorno dos florais, que popularmente nunca saíram de moda. Tudo muito fácil de encontrar no guarda-roupa. Para não errar, jogue peças estampadas com neutras – ou quebre um look neutro com acessórios de estampa ousada.
4. Orgânicos e fibras naturais: nas semanas de moda os tecidos orgânicos e as fibras naturais contribuíram para formatar tendências como o minimalismo e a inserção de detalhes artesanais (bordados e crochê, principalmente) que valorizam a roupa. Algumas marcas, como a Osklen, tiveram o cuidado de trabalhar com pigmentos naturais (sinalizando que o mote ecológico veio para ficar).
5. Jeans: peça-chave para quem gosta de aliar conforto e estilo, o jeans vem com tudo na próxima estação. Incluindo a opção ‘look total’. O bacana é que as lavagens seguem uma cartela desbotada, do azul céu até o branco. Aquele cara de jeans‘batido’, super usado, possibilita ressuscitar jaquetinhas e calças do século passado. A atriz Brooke Shields (quem não viu ‘A Lagoa Azul’?!) declarou recentemente que guarda seus jeans Calvin Klein dos anos 80 (e ainda cabe neles! ), quando foi garota-propaganda da grife. Mas cuidado: não use todas as peças antigas ao mesmo tempo – a regra do vintage continua valendo.
6. Black & White: Michael Jackson adorava – e a moda também! Além de ser clássico, o preto e o branco estão aparecendo juntos e sozinhos. O ‘full black’ já foi instituído como sinônimo de sofisticação (principalmente quando se mesclam texturas). Misturar detalhes, como rendas e transparências, a essas duas cores é fashion sem ser vulgar. O chic da estação é o branco. Sabe aquele acervo de réveillons passados? Ótima idéia de garimpar algumas opções. A tendência vira o ano e tem prazo de validade até o próximo outono.
Gostou das dicas mas não consegue segurar o impulso de correr para as araras em busca de novidade? Então invista então em peças e acessórios atemporais, clássicos. Observe a qualidade do tecido e dos materiais. Prefira cores neutras e estampas mais fáceis de usar (listrados, bolinhas, por exemplo). Dê preferência – sempre que o bolso permitir – a produtos ecológicos e sustentáveis. Pense na roupa como um investimento a longo prazo!