Desafios fazem parte da vida de Caio Von Vogt. O paranaense se aventurou na selva de pedra de São Paulo em busca de seu sonho. O mundo da moda adotou o menino de 17 anos, que conquistou amigos e contatos. Seis anos de pesquisas múltiplas (tendências, tecidos e padronagens), descobriu a fibra de juta (fibra vegetal retirada da planta cultivada na região do Amazônia, também chamada de fibra liberiana) em 1998.
Aliou à moda sua paixão pela natureza e curiosidade. "Sempre fui de buscar novidades em todos os setores, tanto de acessórios quanto do próprio tecido. Fui muito de fuçar e fugir do padrão. Isso é uma característica minha", contou o estilista, em entrevista à Folha de SP.
Pesquisando, conheceu a Companhia Têxtil Castanhal, indústria responsável pela colheita e plantação da juta na cidade de Castanhal (PA). Nascia uma parceria duradoura. Vogt queria a confecção de tecido da fibra da juta. "Foi muito difícil levar este tipo de proposta para uma empresa que nunca trabalhou com moda. O senhor Oscar, proprietário da Têxtil, ficou impressionado com a ousadia em se fazer moda com aquela fibra. Assim começou uma parceria entre a Castanhal e eu", afirma.
O tecido foi batizado de Ecovogt, sendo o primeiro 100% ecológico do mundo. O material pode ser utilizado em qualquer tipo de roupa ou acessório, desde confecção de camisetas, vestidos, calças até bolsas, cintos ou calçados. Em contato com a natureza a fibra se decompõe em dois anos, enquanto o algodão demora 10 anos e o poliéster um século.
E para tingir? Auxiliado por uma equipe de 22 profissionais - entre engenheiros têxteis, alunos e estagiários - o estilista pesquisou amaciantes e fixadores naturais e uma cartela de dez cores naturais extraídas de plantas como urucum, marcela, anileira, folha de mamona, açafrão, pau-brasil e outras. Os fixadores e amaciantes também são extraídos de plantas nativas brasileiras. "As pessoas nem imaginam que desses produtos saem amaciantes e fixadores naturais. O açaí, por exemplo, é nosso fixador de tinta no tecido". A cera de cupuaçu é usada para deixar a fibra macia.
Cerca de mil famílias da população ribeirinha trabalham exclusivamente no cultivo da planta. Há uma cultura envolvida já que a plantação costuma ser passada de pai para filho. A planta também apresenta certas peculiaridades - dispensa o uso de germicidas e é biodegradável.
50% da produção vai para o mercado europeu, que segundo ele demonstra maior consciência em relação a questões ambientais. São três gramaturas disponíveis (quanto mais grosso, mais barato). O metro do tecido varia de R$ 12 a R$ 18.
Caio Von Vogt + Ecovogt: www.caiovonvogt.com.br
6 de setembro de 2007 às 06:44
Uau que máximo!!! 100% biodegradável em 2 anos! Quero trocar meu guarda-roupa!
10 de janeiro de 2008 às 21:36
Adorei a materia sobre o Caio, ele é do meu estado Paraná, inclusive estive com ele numa feira em São Paulo, gostaria poder contacta-lo, para que possamos conversar sobre o trabalho que ele tem desenvolvido.
Obrigada.
Elaine Caús
Foz do Iguaçu - PR